quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Vale a pena fazer esporte?

      Vale a pena viver do esporte e para o esporte? Fazer atividade física traz vários benefícios. Não há discussão sobre isso. Mas quando a pessoa faz esporte por horas e horas, de forma intensa, todos os dias, já se começa a perguntar se isso faz bem ou mal para o corpo... E para a mente também. Afinal, ter o esporte como profissão ou como obsessão traz fatores como a fadiga, o estresse ou até mesmo riscos para o atleta.
      Teria que escrever um livro para falar da complexidade que é ser atleta profissional. Como não pretendo fazer isso agora, vou citar  algumas das dificuldades pelas quais eu passo, e que me fazem refletir diariamente sobre a profissão. São fatores difíceis para o atleta profissional: o cansaço e a rotina difícil; a dificuldade para se manter do esporte; a falta de reconhecimento e apoio; a cobrança e o julgamento das pessoas; e os riscos para quem faz esportes perigosos como o Triathlon.
      Vocês já viram que são várias as dificuldades para um atleta de alto-rendimento. Resolvi falar delas hoje porque minha mãe olhou para mim e disse: - filha, vc está toda cheia de machucadinhos... Caí duas vezes numa semana. Morro de medo de pedalar na rua, e pedalo quatro vezes por semana. Não é fácil.
      Nos deparamos com motoristas que parecem ter prazer de ver nosso medo, e que querem mesmo é nos atropelar. Para que passar por esse risco? Outra coisa que me faz pensar é ter que fazer meus tiros de corrida  na rua ou em qualquer outro lugar que não seja na pista de atletismo, porque não tenho direito de usá-la; mesmo sendo atleta, fui expulsa de lá da pista da vila olímpica, como muitos são, e me senti humilhada.
      Para completar, mesmo me esforçando para me preparar, vem a dificuldade de conseguir patrocínios, especialmente por causa da famosa crise. Como competir? E ainda que eu traga excelentes resultados, quem vai se importar? Parece que há mais invejosos do que pessoas de bom coração. Mas fico feliz porque tenho minha família, e bons amigos. Já a imprensa só vai noticiar os feitos dos poderosos da cidade e de seus amiguinhos.
E assim vamos seguindo. Tinha que desabafar
. Respondendo a pergunta, vale a pena seguir no esporte apenas pelo amor.
Bons treinos e boa prova aos que forem competir!

Um comentário:

  1. Na Grécia antiga, os atletas que conquistavam os louros da vitória nas competições entre as cidades (posteriormente chamadas de jogos olímpicos) eram aclamados, em seu retorno à cidade, com as mesmas honras dos heróis de guerra. Muitos treinavam desde a infância para serem campeões. Aliás, muitos recordes da Antiguidade só muito recentemente foram batidos, o que mostra o nível de dedicação dos homens daquela época (digo homens, porque, infelizmente, só eles podiam ser atletas). Hoje, a assim chamada civilização ocidental não mudou a ponto de valorizar devidamente atletas do nível esportivo de pessoas como Jéssica Santos, cujos esforços não são menores que suas vastas conquistas. Ela leva e prestigia o nome do nosso Estado aonde quer que vá, mas a recíproca não é verdadeira. Somente os corações fortes como o dessa incrível atleta se equiparam ao que já significou o esporte no mundo antigo. Estamos presenciando apenas o eco tratamento que deveriam receber esses profissionais do esporte, esses atletas que mostram que superar limites é apenas uma das recompensas que a beleza de se dedicar a algo assim merece nosso perene respeito e ainda muito mais. Força, Jéssica!

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